a ideia do cafetão:
essa prostituta acha que o cara vai salvar... vai garantir a tal da estabilidade. quando a vida é turbulência por natureza; a vida se move cada vez que novas experiências do mundo, novos efeitos dos encontros dos nossos corpos nos obrigam a nos recriar, nos reconfigurar. então, enquanto dura esse pacto, o cafetão pode ser super do bem e de esquerda; ele pode dizer "eu vou dividir com você até um pouco do que eu tô ganhando, pra você ficar bem... te comprar umas roupinhas super legais, te colocar numa casinha legal e tal" mas a estrutura daquela relação se mantém.
quando é que a prostituta se livra do cafetão? quando ela descobre que por trás daquela máscara de absoluto controle sobre si e sobre o mundo, que garante tudo, tem uma miséria humana das mais terríveis, porque ela não tem nenhuma existência pra ele. ela só existe como objeto de abuso.
então, esta é a relação que o capital, o regime colonial-capitalista-racializante estabelece com os vivos. não só com os humanos; com a terra, com tudo. é um objeto de um abuso sobre o qual eu projeto representações que não tem existência nenhuma no meu corpo.
esse exemplo da prostituta é legal porque ela sai dessa dinâmica quando ela se dá conta que ela tá sufocada, que na verdade ela não tem existência nenhuma pra ele. então, o feitiço que ele exerceu sobre ela de sedução se desmancha. desmanchou o feitiço, não tem como voltar a se sentir enfeitiçado. não tem volta.